domingo, 1 de fevereiro de 2015

Um medo bom.

A verdade é que eu tenho um medo do caralho de perder ela.
Esse medo, porém, não é aquele que assombra a vida, que temos que superar. NÃO! Esse é o tipo de medo que me mantém na linha, o medo que me faz sair da cama pra trabalhar porque eu quero morar numa casa, ter dois filhos e um quintal, quero ter que contar o trocado pra comprar a ração do Golden e pintar o quarto de Rubro-negro, mesmo que contra a minha índole de vascaíno de nascença.
Esse medo é o que mantém o sorriso no meu rosto, por mais que as vezes eu me sinta o Hulk segurando uma taça de cristal, fazendo um esforço absurdo pra cuidar de algo que no fundo, eu não me sinto merecedor, esse medo é o que mantém meus pés no chão e meu coração no lugar.
Na real, quem teve uma primeira chance com a mulher de todas as suas vidas e estragou-a solenemente, não consegue nem pensar em cagar a segunda chance, por que você sabe bem, que esta não é mais a sua segunda chance, é a sua única.         
Minha mãe sempre disse que ter medo é bom, e acho que só agora, mais ou menos uns 25 anos depois eu estou começando a entender do que diabos ela tava falando.
Eu vinha tendo muitos medos, porém todos os medos errados. Medo de ser eu mesmo, mesmo de dizer o que eu queria e não queria, medo de dizer ‘adeus’ ao irrelevante pra poder ter o indispensável, e nesse meio todo, quase perdi o que mais importava pra mim, ela.
Agora eu sou um medroso feliz. Sei quem eu sou e sei que ela me ama assim. Não tenho mais medo de somar, multiplicar e dividir, sem ter que me subtrair.
Eu a amo tanto quanto a admiro, sou seu fã número 1 e seu melhor amigo também, sou um romântico apaixonado e um menino descobrindo a paixão de novo, enxergo uma mulher guerreira que vai atrás do que quer e também uma menina que rola comigo na areia e brinca no mar, consigo ficar horas calado ouvindo as histórias dela e acho sensacional muita coisa que achava boba em um monte de gente.
Eu sou mais eu mesmo com ela do que jamais fui, mas ao mesmo tempo totalmente diferente. Ela simplesmente traz à tona o melhor de mim, um melhor que eu nunca soube existir. Toda noite, quando deito minha cabeça no travesseiro, ao lado dela ou não, elevo meus pensamentos ao céu e peço pra que eu consiga fazê-la feliz e ao mesmo tempo que eu nunca perca esse medo, pra que eu sempre me lembre que o que eu tenho em minhas mãos é algo pelo qual vale a pena batalhar todos os dias pra manter.


domingo, 14 de dezembro de 2014

No amor real. (Não esqueça de ler as letras pequenas)


        No amor real, ninguém nunca erra. Nenhum dos dois pisa na bola e tem que voltar atrás e pedir perdão. Na verdade, não existe a necessidade de perdoar ou ser perdoado, pois não existem equívocos e mágoas.
No amor real, você não precisa aturar TPM e nem mau-humor depois de um dia fudido no trabalho, você nunca tem que ceder ou deixar de lado seus planos pessoais em prol do plano conjunto. Não existem pessoas do passado que persistem em aparecer e nem problemas que insistem em assombrar-te.
Não existe ciúme e nem discussões bobas ou desnecessárias, sequer existem brigas ou indiferenças, tudo simplesmente se encaixa, em todos os momentos ou circunstâncias. Existe uma calma, pois todas as peças se encontram no outro.
Você nunca se sente inseguro ou carente. O outro sempre preenche os vazios existentes na sua vida que foram deixados por decepções, problemas profissionais ou familiares.
No amor real, você não divide seus infortúnios e mágoas e nem acha cura no outro. Você não precisa ajudar o parceiro em dificuldade e nem precisa ser o porto seguro quando as coisas não vão bem.
Você consegue ficar longe por dias, semanas e meses pois sabe que o seu amor vai estar sempre ali e estar distante faz parte do relacionamento, e o outro sempre vai entender esse distanciamento.

Engraçado como certas coisas só parecem surreais quando colocamos em escrito na nossa frente, não?

Acredito que no amor só existe uma verdade absoluta. Quem ama escolhe o outro. Mesmo que o caminho seja nebuloso e difícil, mesmo que seja cheio de amargura e tortuoso, quem ama quer estar, ser e viver no relacionamento. Escolhe-se por você, porém escolhe-se o outro, pois estar sozinho ou com qualquer outra pessoa é inaceitável, incabível. Escolhe-se remendar, tratar, cuidar, consertar e finalmente viver, o amor real.

domingo, 24 de julho de 2011

rolling stones theory

"You can't always get what you want/but if you try sometimes/you just might find/you get what you need"

Por que a gente tem tanto medo de aceitar que as respostas estão na nossa frente? Por que sempre acreditamos na busca da felicidade e nunca na percepção que já alcançamos o que precisamos pra sermos felizes?

Talvez seja preciso fazer tudo o necessário, possível e impossível, vender sua alma, expor suas entranhas, deixar-se magoar em busca do que queremos, até que a vida nos apresente o que precisamos. Somos tão inconscientes das nossas próprias necessidades, do que nos faz feliz, que poderíamos facilmente passar o resto de nossas vidas buscando algo que só vai nos trazer mágoa.

Pra quem se acostumou a sofrer, é difícil admitir a felicidade, mesmo que esteja de mão dadas contigo, te dando apoio, sendo cúmplice e irredutível na tarefa de acompanhar-te. Em um momento ou outro você tem que deixar de lado a tal procura da felicidade e aceitar a paz e a alegria de quem já sofreu demais, porém tem a chance de se renovar.

Conseguir o que você precisa pode muito bem ser a sua segunda chance, no meu caso, a enésima chance, e há quem diga que a vida é feita de segundas chances. A gente hesita em abraçar essa segunda chance porque não quer admitir que falhou, quando na verdade, se você fez tudo o que pôde, não existe falha, existe a liberdade de quem pode se dar o aval para seguir em frente, já que agora, o que você queria só importa por ter te trazido até o que você precisa.

Não existe nada melhor do que acordar feliz hoje, nem mesmo ter a certeza que vai acordar do mesmo jeito no dia seguinte, e nem sentir-se feliz em todas as horas entre os dois. Tendo isso, basta você aceitar a ignorância e a cegueira que te impediam de ver o que esteve sempre lá. Basta agarrar o teu presente.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

ser apagado

Desde que assisti "O brilho eterno de uma mente sem lembranças", meu maior medo, junto com a velhice, tornou-se o de ser apagado.

Deletar significa subtrair da mala, não levar nada, deixar-se esvair tudo. Desse "mal" eu com certeza jamais sofrerei, tenho apego demais pra simplesmente passar a borracha no passado, vivo intensamente nos bons momentos e nos males também, o que só torna o processo de distância mais árduo, porém, espera-se que no fim, mais benéfico.

Uma amiga certa vez falou:
"...sempre vale lutar por algo que vale a pena, e quando parar de valer, aí sim desistir torna-se uma opção."

Depois disso, então, o que fazer? APAGAR? Lembrar é ter a coragem de nutrir e amar, nem que seja pra ver-se ser apagado por outrem. Quando erramos somos "obrigados" a lembrar, pois sem a lembrança não há mudança, passa-se para o próximo estágio sem pausas ou intervenções e a chance de errar de novo se torna muito grande, grande demais para continuar sem pisar em ovos, com medo de cair na fenda aberta de erros passados.

Todos temos defesas e livre arbítrio, podemos ir e vir, escrever e apagar, sujar e limpar como nos for mais cômodo, mas com esse direito vem a responsabilidade pelo que levamos e deixamos para trás, as vidas que deixamos de mudar hoje, por conta da mágoa que erros passados nos fazem carregar. É egoísta e mesquinho exigir que o outro sofra o mesmo que você, porém é humano. Deixar-se apagar sem ao menos perguntar-se qual foi sua relevância é baixa auto-estima demais, nesse caso, é melhor recomeçar tudo, do zero.

Se perguntado me for, direi que prefiro andar por aí, carregando minha mala pesada, cheia de desavenças, diferenças, mágoas e lágrimas, mas, isso será sempre sinal de que estou em algum lugar diferente de onde comecei, que não voltei à estaca zero, que estou vivo e respirando, mesmo que machucado, em um momento e espaço novos, consciente dos meus equívocos, e, por isso, muito mais propenso a realmente transformar-me do que aqueles que recomeçam sua pintura com uma tela branca, morta e vazia.

Todos sofremos hora ou outra, e a dor nunca é a mesma pra todo mundo, apesar de imensurável. O que fazemos hoje com o sofrimento conquistado é o que define não só o futuro, mas o que vivemos no passado também. Pra que ponderar sobre o futuro se o que existiu no passado foi irrelevante? não há por quê, de fato.

GUARDA ESSA BORRACHA e vai ser alguém pra alguém hoje, faça a diferença, pega o lápis e escreve algo novo, algo que valha a pena ser guardado amanhã, nem que seja no fundo de uma gaveta, empoeirado e com cheiro de naftalina. Da dor de ser apagado, ninguém merece sofrer, essa é a "falta de moral" dessa "história".

terça-feira, 17 de maio de 2011

teoria das malas

   Eu tenho essa teoria, a teoria das malas,  ela baseia-se na premissa que todos temos "malas", uma bagagem que carregamos a nossa vida inteira. Essa mala tem espaço infinito e dentro dela, colocamos milhões de coisas ao longo da nossa jornada, coisas materiais ou não: sentimentos, pessoas, casas, vistas, memórias, relacionamentos passados, medos, inseguranças, conselhos, sentimentos e pensamentos de outras pessoas, livros e filmes que nos marcaram, notas musicais, canções, tudo e qualquer coisa que quisermos.
   Toda vez que conhecemos alguém novo, é como se estivéssemos abrindo essa mala e a outra pessoa fizesse o mesmo. No começo, você obviamente, escolhe suas melhores coisas para mostrar, suas qualidades, prêmios, suas virtudes e vitórias, mas, quanto mais você tira as coisas boas de dentro da mala, mais sobram-lhe as coisas ruins, aquilo que você preferiu não mostrar, seus segredos e passagens que você não se orgulha tanto.
   Eu sempre acreditei, portanto, que são seus piores momentos que realmente cativam alguém, são seus defeitos e não suas virtudes que realmente fazem alguém te amar. Não digo "gostar", "simpatizar" ou mesmo achar interessante, falo de amar realmente. São nos piores momentos que descobrimos se o amor realmente está lá, se aquilo é algo que vai durar ou simplismente sucumbir ao primeiro sinal de problemas.
   Você começa, então, a tirar o seu pior da mala e a outra pessoa faz o mesmo, e aí, chegam os momentos de silêncio, as pausas, as lágrimas, a tristeza, as discussões, as rugas e os pensamentos de desistência, os sinais de fraqueza, porém, se aquilo que você construiu for "the real deal", depois disso, vem a compreensão, o colo, o sentimento de interligação, e eventualmente, o perdão.
   Nesse momento, meus amigo(a)s, você passa a viver uma nova existência, algo maior, algo compartilhado, algo sublime e silenciosamente entrelaçado, e este momento entra na sua mala como um dos grandes da sua vida, e nunca mais sairá de lá, nunca perdera a sua graça.
  A lição, logo, se é que existe uma, é essa: guarde TODOS os seus momentos na sua mala, abrace a tristeza e suas imperfeições, seus defeitos e arrependimentos, suas lágrimas e as dos outros também, pois, um dia, no eventual encontro de alguém novo, essa pode ser a diferença entre alguém que chega e vai-se e alguém que veio pra ficar, de mala e cuia.
   Bem-vindos aos teoria das malas, espero que vocês voltem em breve.